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Silêncio

Existem momentos em que desistir de alguém não é uma decisão tomada de forma impulsiva. Não é fruto de uma briga explosiva, nem de um rompimento marcado por lágrimas e acusações. Pelo contrário, a escolha de sair silenciosamente, de simplesmente renunciar, é como uma brisa fria que vai se formando aos poucos, imperceptível, até que um dia ela te envolve por completo.

Você percebe que é hora de desistir quando suas mensagens não são mais respondidas com o mesmo entusiasmo, quando suas tentativas de aproximação são recebidas com um cansaço disfarçado. Quando tudo o que você quer é ser vista, mas sente que está sempre ali, na margem, lutando para manter uma presença que já se perdeu. E então, vem o silêncio. Não o silêncio entre vocês, mas o silêncio dentro de você. Um espaço vazio que, antes, era preenchido por esperanças e expectativas.

Desistir, nesse caso, não é sobre raiva ou mágoa. Não é sobre o outro nem sobre o que poderia ter sido. É sobre o que você já não pode mais suportar. É sobre perceber que insistir dói mais do que partir. Que ficar te esgota mais do que ir embora. Então, você escolhe o caminho do silêncio. Você para de mandar mensagens, de tentar explicar seus sentimentos, de implorar por reciprocidade.

Simplesmente, você sai. Sem drama, sem gritos, sem declarações finais. Apenas vai, sabendo que, dessa vez, o amor que você guardava no peito não era o suficiente para manter duas pessoas de mãos dadas. Desistir não é um ato de covardia, mas de autopreservação. É jogar a toalha com a serenidade de quem sabe que já fez o suficiente, que já esperou o bastante.

Desistir em silêncio é uma das formas mais tristes de despedida, porque ninguém vê, ninguém comenta, ninguém percebe. E, talvez, o outro só note quando já for tarde demais. Quando olhar ao redor e perceber que o lugar que você ocupava com tanto carinho e dedicação está vazio.


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