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Os mesmos erros... (Nov/2007)


Eu estava indo para o trabalho hoje, pensando em tudo o que quis e tudo o que conquistei. Estava indo para o trabalho e lembrando de todas as vezes que desisti, de todas as vezes que senti medo. Lembrei das tantas conversas que já tive com meus pais, das gargalhadas e das lágrimas, sentada na beirada da cama deles, enquanto eles me davam inúmeras visões do mesmo assunto. Enquanto discordavam de mim, sempre defendendo o outro lado, ou apenas me mostrando que existem dois lados. Hoje, estava lembrando das tantas vezes que estufei o peito e disse que o mundo estava em minhas mãos e que eu resolveria tudo... rs... tantas dessas vezes em que enfiei ainda mais os pés pelas mãos e voltei para a cama dos meus pais, ainda mais assustada.

Quantas vezes preferi ostentar meu orgulho e valorizar meu amor-próprio – insubstituível – bradando que a dignidade era o que importava, sendo que estava me humilhando incontáveis vezes...

Deus! Fico pensando em tudo o que já perdi por medo... essa necessidade ridícula de parecer estar bem e ser autossuficiente, essa necessidade de não precisar de ninguém, que está me tornando cada vez mais orgulhosa e carente...

E sabe o que é pior? É que conheço o erro, e vivo me analisando e reanalisando para entender minha mente confusa, e de repente estou cometendo os mesmos erros, me deixando dominar pelos mesmos medos e perdendo repetidamente a mesma guerra...

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Desabafo... querido diário

Tá todo mundo me perguntando se eu tô bem hoje. E, no automático, eu respondo: tô bem. Bem… rsrs… o que é estar bem de verdade? Porque a sensação que eu tenho é que ninguém nunca está bem. A gente se acostuma com as pancadas da vida, com as inconstâncias da vida. A vida te dá e também te rouba, a vida faz florescer e morrer. E a gente se acostuma com esse movimento. Se isso for estar bem, compreender o vai e vem, eu tô bem. Não sei dizer se aprendi a lidar com a saudade. Não sei dizer se me acostumei ou se efetivamente cresci ao redor dela. Sinto que, nos últimos 30 dias, não faço nada além de sentir. Sentir profundamente a perda, sentir e lembrar. Até nisso você deu um jeito de ser intenso, não é? Me deixou 30 dias para lembrar e sofrer tudo de uma vez. Bom que consigo ser mais produtiva ao longo do ano… hahahaha… você entenderia essa piada. Dizem que a vida é nascer, casar e morrer … Em 30 dias, eu revivo esse ciclo inteiro, com as festas de final de ano no meio e toda a ausência qu...

Ficar (2024)

Obrigada por escolher ficar Mesmo depois de invadir meu íntimo, E com coragem olhar meus olhos, Mesmo quando eles mostram o caos. Obrigada por ficar, Quando o meu pior se revela, E as falhas se erguem sem disfarce, Sem máscaras, sem filtros. Escolher ficar, É um ato de entrega, É um presente raro, É amor sem amarras. Sou intensa, eu sei, E talvez o meu ritmo seja alto, Talvez meu caos assuste, Obrigada por não tentar me conter. Me colocaram em caixas, Tentaram me limitar, Mas eu luto contra essas paredes, Grito que não posso me encaixar.  Obrigada por me escolher e me enxergar.   Mesmo sabendo a verdade: Que muitas vezes nem eu mesma fico. Nem eu conheço meus abismos, E nem sempre consigo ser minha própria escolha... E, no fundo, O que eu busco É alguém que veja o meu tudo E diga: "Eu fico." Então, obrigada por me olhar, Encarar meus lados sombrios, Me conhecer, E escolher ficar.

Como continuar quando o tempo congela para quem amamos?

É estranho como o corpo sente antes da mente entender. Acordei no meio da madrugada, gripada, exausta, e antes mesmo de abrir os olhos, meu instinto me fez buscar o Rafael ao meu lado. O espaço vazio na cama pareceu mais frio do que nunca, mas como se entendesse o que eu precisava, meu gato se aproximou, silencioso, e encostou o rostinho na minha mão. Animais são anjos – e às vezes, eles sabem coisas que nem nós conseguimos processar. Talvez seja isso: meu corpo sabe que meu aniversário está chegando. Meu terceiro sem ele. O terceiro para mim, mas o quarto para todos os outros que o amavam. A mãe dele foi a primeira a sentir esse vazio, eu fui a última. A primeira e a última mulher da vida dele. É quase poético, se não fosse tão cruel. E tem mais. Ele sempre falou sobre os 40. Sonhava com essa idade, fazia planos, imaginava como seria. E agora sou eu que chego lá. Eu sigo, enquanto ele ficou para sempre nos 39. O tempo continuou, mas para ele, congelou. Como se eu tivesse ultrapassado ...