Pular para o conteúdo principal

Silêncio

Existem momentos em que desistir de alguém não é uma decisão tomada de forma impulsiva. Não é fruto de uma briga explosiva, nem de um rompimento marcado por lágrimas e acusações. Pelo contrário, a escolha de sair silenciosamente, de simplesmente renunciar, é como uma brisa fria que vai se formando aos poucos, imperceptível, até que um dia ela te envolve por completo.

Você percebe que é hora de desistir quando suas mensagens não são mais respondidas com o mesmo entusiasmo, quando suas tentativas de aproximação são recebidas com um cansaço disfarçado. Quando tudo o que você quer é ser vista, mas sente que está sempre ali, na margem, lutando para manter uma presença que já se perdeu. E então, vem o silêncio. Não o silêncio entre vocês, mas o silêncio dentro de você. Um espaço vazio que, antes, era preenchido por esperanças e expectativas.

Desistir, nesse caso, não é sobre raiva ou mágoa. Não é sobre o outro nem sobre o que poderia ter sido. É sobre o que você já não pode mais suportar. É sobre perceber que insistir dói mais do que partir. Que ficar te esgota mais do que ir embora. Então, você escolhe o caminho do silêncio. Você para de mandar mensagens, de tentar explicar seus sentimentos, de implorar por reciprocidade.

Simplesmente, você sai. Sem drama, sem gritos, sem declarações finais. Apenas vai, sabendo que, dessa vez, o amor que você guardava no peito não era o suficiente para manter duas pessoas de mãos dadas. Desistir não é um ato de covardia, mas de autopreservação. É jogar a toalha com a serenidade de quem sabe que já fez o suficiente, que já esperou o bastante.

Desistir em silêncio é uma das formas mais tristes de despedida, porque ninguém vê, ninguém comenta, ninguém percebe. E, talvez, o outro só note quando já for tarde demais. Quando olhar ao redor e perceber que o lugar que você ocupava com tanto carinho e dedicação está vazio.


Comentários

Mais Vistas

E se tudo isso for um sonho?

Às vezes, me pego nesses devaneios, questionando o sentido de tudo. E se essa realidade for uma ilusão, uma Matrix onde tudo está escrito? Ou se, ao contrário, formos apenas um acidente cósmico sem direção, sem propósito? O que houve antes, o que virá depois? Difícil saber. Talvez nunca saibamos. Mas, enquanto tentamos decifrar esse enigma chamado vida, estamos, na verdade, perdendo o que ela tem de mais importante: o agora. Nos prendemos tanto aos "e se" que esquecemos de viver o que está bem diante de nós. Temos medo de arriscar, de nos jogar, de falhar, como se essa experiência fosse eterna. Mas não é. A vida é efêmera, fugaz. E se essa for a nossa única chance? Se não houver nada depois? A pergunta que fica é:  por que não?  Por que não arriscar, se aventurar, tentar, falhar? Agora, se houver algo depois, o que você quer ver quando olhar para trás? Quer ser conhecida como aquela que teve medo de viver? Que se acovardou? Pense na retrospectiva da sua vida passando em um te

Carente

Tem dias que a gente acorda com o coração apertado e um nó na garganta, sem motivo aparente. Tá tudo bem, a vida tá até incrível, mas por dentro a gente se sente meio bosta, meio vazia.  Um misto de gratidão e tristeza que parece não fazer sentido, um desânimo que chega sorrateiro, mesmo quando a vida está sorrindo para a gente. Hoje, por exemplo, eu estou vivendo um dos melhores momentos da minha vida — realizo conquistas, tenho paz, o universo parece colaborar (finalmente, rsrs) . E ainda assim, uma carência bate. Uma vontade de ter alguém por perto, de sentir o calor de outro corpo, aquele abraço apertado que dissolve todos os problemas, até os que a gente não sabia que tinha. Sinto falta de acordar com um beijo suave no pescoço, um "bom dia" sussurrado no ouvido enquanto o mundo lá fora parece não existir. Aquela mensagem inesperada que chega no meio da tarde, trazendo um calor no peito, uma faísca de vida no dia,  só pra lembrar que você é importante, que alguém tá pensa

Quem é você em "Sex and the City"?

A verdade é que a gente se reconhece nelas, mas isso também nos incomoda... Porque, no fundo, todas somos um pouquinho Carrie, Charlotte, Miranda e Samantha. Vamos começar com  Carrie Bradshaw , a personagem que nos conquista com seu estilo único e sua habilidade de transformar a vida caótica em colunas deliciosamente irônicas. Mas, por trás de todo o glamour e das roupas de grife, o que mais nos pega em Carrie é sua insegurança quase crônica — e, ao mesmo tempo, irritante. Quem nunca se pegou torcendo para que ela parasse de colocar  Big  como prioridade? Carrie é o tipo de mulher que tropeça, literalmente, nas próprias escolhas, sem nunca conseguir aprender de fato com seus erros. O relacionamento dela com Big é o maior exemplo disso. Ela se entrega, se ilude, se machuca, mas sempre volta. E, sinceramente? Quem nunca passou por isso? O que realmente nos incomoda em Carrie é que, de certa forma, a gente se identifica. Sabemos como é difícil quebrar esse ciclo, como é fácil passar pano