Nossos olhos se cruzaram
Sob a árvore frondosa
Nos aproximamos
Não sei bem porque, já não me lembro,
Mas nos abraçamos
Numa necessidade tranqüila do toque
Na doce tortura de estar perto
Seu cheiro invadindo meus poros
Seus braços envolvendo-me, quietos
A cabeça num vazio inconstante
Ligada nos poucos movimentos que fazíamos
O roçar de seu rosto no meu rosto
E sua respiração entrecortada por suspiros
Seus dedos desenhavam meus traços
E sua boca seguia esse estreito caminho
Contornando os perigos escondidos
Despertando os tão bem guardados desejos....
As batidas leves do seu coração tranqüilo
Davam o compasso do meu pensamento
E eu nem sei por quanto tempo
Ficamos ali dividindo o abraço
Apertando suaves laços
Nos deixando envolver pelo encantamento.
E perigosamente próximos
Sussurrando palavras sem sentido
Controlando a respiração com suspiros
Entregues aquele abraço quente
Aquele laço nas costas e o carinho
O aperto suave e o sorriso
A doação sem cobrança
E o gemido
Preso na garganta, como um grito.
A pele se aquecendo com a pele
Os suaves sinais de perigo...
E também não sei como nem por que
Nos afastamos
Toda cumplicidade conquistada
Guardamos
Num grande arquivo.
Deixamos esse momento secretamente protegido
Na tranqüilidade de uma noite bem clara
Em uma combinação estranha...
A calma de um velho sábio
E o desejo fervoroso de uma criança...
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