Você já se olhou no espelho e não reconheceu a pessoa ali refletida? Eu já. E é um susto. O tipo de choque que não vem com um grito, mas com um silêncio avassalador. Eu costumava acreditar que minha intensidade era meu superpoder. Que eu sentia o mundo mais fundo, mais forte, mais inteiro do que a maioria das pessoas. Só que de repente, o que era minha força virou meu medo.
Desde que o Rafa se foi, parece que algo dentro de mim se partiu, algo que eu ainda não sei consertar. As pessoas começaram a dizer que eu era demais, que assustava com a minha vontade de sentir. E eu, como boa teimosa, que sempre usei isso a meu favor, comecei a me questionar. Será que elas estavam certas? Será que minha intensidade, que sempre foi o que me fazia vibrar, era na verdade meu calcanhar de Aquiles?
Eu, que nunca tive medo de amar ou me entregar, agora me perco num abraço. Um simples toque me causa desespero. Como se carinho fosse uma ameaça e não um aconchego. Eu me pergunto como cheguei aqui. Como passei de alguém que amava a vida com uma paixão avassaladora para essa pessoa que se esconde atrás das próprias dúvidas e tem medo de mostrar quem realmente é.
Sabe o que é mais louco? Eu já vivi isso antes. Já me escondi de mim mesma em outros tempos e sei como isso termina. Por que estou repetindo os mesmos erros? Me sinto como se estivesse constantemente tentando me proteger, mas, na verdade, estou me sabotando.
É fácil racionalizar, colocar uma armadura e dizer que ser intensa não é mais o caminho. Difícil é admitir que talvez eu esteja me privando do que mais me faz viva. Eu sei, na minha cabeça, que repetir esses passos vai me levar ao mesmo vazio de antes. Mas parece que meu coração está com medo de ser magoado outra vez.
Será que isso é covardia? Talvez. Ou talvez seja só o luto, o tempo, a dor que ainda não foi processada. Só que eu não quero mais viver no escuro. Não quero ser refém do medo. Eu preciso me permitir sentir, me permitir existir na minha intensidade, do jeito que sempre fui, sem me preocupar com o que os outros vão pensar.
Porque a verdade é que, ao tentar me moldar ao que os outros dizem que eu devo ser, eu me perdi de mim mesma. E isso, ah, isso é o pior tipo de perda. E é hora de me encontrar novamente.
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