O dicionário Aurélio define "pessoa" como "indivíduo da espécie humana, homem ou mulher considerada do ponto de vista físico ou moral". Mas essa definição não captura a complexidade de ser humano.
Para mim, uma pessoa é um conjunto de sentimentos aprisionados pela sociedade em um corpo. É um amontoado de razões para ser ou não ser, várias emoções a serem escondidas ou reveladas. Ser pessoa é fácil e comum. Nascemos como "isso", independente de querer ou não. A sociedade nos molda sem que percebamos, e, de repente, estamos usando as mesmas roupas, os mesmos cortes de cabelo e repetindo as mesmas gírias. Um padrão imperfeito que insiste em fingir que não padroniza.
Alguns tentam escapar disso, expressando diferenças que acabam sendo absorvidas por essa mesma sociedade que rejeitam. Eles gritam por liberdade, mas, eventualmente, entendem o funcionamento dessa "liberdade" e muitas vezes desistem. No fim, tudo se resume a pagar contas e fingir que fazemos parte, que acreditamos e que gostamos deste mundo. E se há algo além disso, se existe um "resto", não importa.
Vivemos presos em expectativas e normas que nem ao menos percebemos, seguimos regras invisíveis que nos são impostas desde o nascimento. A autenticidade se torna um ato de rebeldia, e a conformidade, uma prisão confortável. Aqueles que ousam desafiar essas normas muitas vezes encontram uma resistência silenciosa, uma pressão sutil para retornar ao status quo.
Ainda assim, há momentos de brilho autêntico, pequenas revoltas contra a maré. Quando alguém decide ser verdadeiramente livre, mesmo que por um instante, é como uma faísca na escuridão, iluminando o caminho para outros. Essas faíscas são raras e preciosas, mas muitas vezes se apagam rapidamente, consumidas pela necessidade de sobrevivência e aceitação.
No final, ser pessoa é uma dança constante entre o desejo de ser único e a pressão para se conformar. É um ciclo interminável de resistência e rendição, uma luta invisível entre a essência e a aparência. É viver num teatro onde todos usam máscaras, e raramente temos a coragem de tirá-las, mesmo quando estamos sozinhos. Ser pessoa é um ato de coragem e vulnerabilidade, uma jornada solitária em busca de significado em meio ao caos. E, talvez, o maior ato de rebeldia seja simplesmente viver, autenticamente, cada pequeno momento de nossa existência.
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