Pular para o conteúdo principal

Meu primeiro encontro


É... chegado o momento. 

Preciso sair da bolha e enfrentar essa realidade. Então vamos.

Como tudo que faço nessa vida, preciso pular de cabeça.

Não dá para ser pela metade.


Vou ter meu primeiro encontro.


Comigo mesma. Sim. 

Preciso conhecer melhor essa pessoa que, pelo jeito, vai conviver comigo. Tenho esperança de que nos daremos bem. O Rafa gostava bastante dela, então algo de bom deve haver nessa pessoa. hahahaha...

Brincadeiras a parte, era mais fácil quando ele estava aqui, ocupando o espaço, o tempo e o pensamento. Eu não tinha que olhar pra dentro de mim, eu não tinha que me analisar e me suportar. Não tinha que estar sozinha comigo. 

E ele me amava. Amava inclusive as partes escuras e tristes de mim, então, era fácil estar comigo. Ele me mimava, me trazia flores e chocolates. Me convidava para noites especiais e vinho. Me fazia carinhos e eu não precisava me preocupar em cuidar de mim mesma. 

Ele tava ali. 

Não importava se era um dia brilhante ou escuro, não importava se eu tava com o melhor humor ou o pior. Ele tava ali. E muitas das vezes eu sequer percebia o quanto eu tava insuportável, porque ele me distraia até disso. 

Ultimamente eu ando tentando me distrair de mim mesma, encho minha casa de gente e de barulho, ou saio para os lugares mais movimentados que eu puder ir. Quanto mais sons e estímulos melhor, assim eu não preciso me notar, olhar pra dentro dos meus olhos e encarar o vazio que ficou, nem muito menos olhar a menina assustada que se encolhe lá no fundo. 

E assim vou levando os dias, fugindo dessas coisas que me assustam e as quais não quero encarar. 

Mas preciso. 

Preciso encarar uma nova rotina onde só eu seja suficiente pra mim. Onde minha cia me baste e me faça bem. Onde passar um final de semana sozinha não seja sinônimo de dor e sofrimento. 

Por que eu achei que me cobrar leveza e uma postura positiva fosse me ajudar

Afastar dos sentimentos que pesam.


Mas eles começaram a me inundar e me sufocar.

Foi pior.


Acho que do segundo mês até uns quinze dias atrás eu comecei a trilhar um caminho equivocado. Eu queria parar a dor a qualquer custo, não vendo fotos, não falando, fingindo que não era comigo, mas a dor é como água, ninguém segura e você não muda o curso dela sem um grande esforço e sacrifício. A barragem que tentei fazer se rompeu e quase me afogou, eu e todo mundo ao meu redor. 

Uma raiva imensa explodiu de mim, um dor que me quebrou, minha cabeça parou de funcionar e todas as forças que eu tinha foram embora. 


Não vou dizer que conviver com a dor seja com ou fácil. Além de doer, cansa. 

Mas impedir a dor de seguir seu fluxo, segurar as lágrimas, forjar um estado de espírito positivo e feliz  funciona ainda menos. 


A gente fala que tá tudo bem estar triste, mas não acredita muito nessas palavras. E mesmo que as pessoas ao redor não cobrem que a gente fique bem, a gente se cobra. Eu pelo menos me cobrava: chega de choro, chega de cama, vida que segue, você precisa seguir. 

Não, eu não preciso seguir. Eu vou seguir. No meu ritmo, do meu jeito, e se eu tiver que andar pra traz pra acalmar e acalentar meu coração eu vou, porque é só assim que vou reagir a tudo isso, dando pequenos passos, me respeitando e amando.


E não, não é fácil. Pelo contrário, é cansativo e doloroso, mas quais as outras opções? Não existem. Então: simbora. Um passo de cada vez, um dia de cada vez. 


Desde que perdi, fisicamente, meu marido, essa foi a melhor quinzena que eu tive não por que parei de sentir dor ou chorar - pelo contrário. Mas, como nos primeiros dias, eu acolhi essa dor e essas lágrimas e isso deixa tudo menos pesado, por que não tem como não doer. Não tem como reagir rápido. Não dá pra seguir a vida. 

Infelizmente. Não é algo que você limpa e arruma e tudo se ajeita. 


É algo que você vivencia, sente e se reconstrói no processo, uma outra pessoa, que carrega em si toda essa história, todas essas cicatrizes, e que, de alguma forma, aprende a amá-las e aceita que elas fazem parte de você. 

Comentários

  1. Essa dor parece q nao vai ter fim...as lágrimas....essas nem sei como ainda teem dentro de mim💔💔como dói saber q nao vai voltar, como dói saber q nao vamos ter "nem o primeiro, nem o ultimo encontro "...#fazmuitafaltarafa

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Fala comigo:

Mais Vistas

E se tudo isso for um sonho?

Às vezes, me pego nesses devaneios, questionando o sentido de tudo. E se essa realidade for uma ilusão, uma Matrix onde tudo está escrito? Ou se, ao contrário, formos apenas um acidente cósmico sem direção, sem propósito? O que houve antes, o que virá depois? Difícil saber. Talvez nunca saibamos. Mas, enquanto tentamos decifrar esse enigma chamado vida, estamos, na verdade, perdendo o que ela tem de mais importante: o agora. Nos prendemos tanto aos "e se" que esquecemos de viver o que está bem diante de nós. Temos medo de arriscar, de nos jogar, de falhar, como se essa experiência fosse eterna. Mas não é. A vida é efêmera, fugaz. E se essa for a nossa única chance? Se não houver nada depois? A pergunta que fica é:  por que não?  Por que não arriscar, se aventurar, tentar, falhar? Agora, se houver algo depois, o que você quer ver quando olhar para trás? Quer ser conhecida como aquela que teve medo de viver? Que se acovardou? Pense na retrospectiva da sua vida passando em um te

Carente

Tem dias que a gente acorda com o coração apertado e um nó na garganta, sem motivo aparente. Tá tudo bem, a vida tá até incrível, mas por dentro a gente se sente meio bosta, meio vazia.  Um misto de gratidão e tristeza que parece não fazer sentido, um desânimo que chega sorrateiro, mesmo quando a vida está sorrindo para a gente. Hoje, por exemplo, eu estou vivendo um dos melhores momentos da minha vida — realizo conquistas, tenho paz, o universo parece colaborar (finalmente, rsrs) . E ainda assim, uma carência bate. Uma vontade de ter alguém por perto, de sentir o calor de outro corpo, aquele abraço apertado que dissolve todos os problemas, até os que a gente não sabia que tinha. Sinto falta de acordar com um beijo suave no pescoço, um "bom dia" sussurrado no ouvido enquanto o mundo lá fora parece não existir. Aquela mensagem inesperada que chega no meio da tarde, trazendo um calor no peito, uma faísca de vida no dia,  só pra lembrar que você é importante, que alguém tá pensa

Quem é você em "Sex and the City"?

A verdade é que a gente se reconhece nelas, mas isso também nos incomoda... Porque, no fundo, todas somos um pouquinho Carrie, Charlotte, Miranda e Samantha. Vamos começar com  Carrie Bradshaw , a personagem que nos conquista com seu estilo único e sua habilidade de transformar a vida caótica em colunas deliciosamente irônicas. Mas, por trás de todo o glamour e das roupas de grife, o que mais nos pega em Carrie é sua insegurança quase crônica — e, ao mesmo tempo, irritante. Quem nunca se pegou torcendo para que ela parasse de colocar  Big  como prioridade? Carrie é o tipo de mulher que tropeça, literalmente, nas próprias escolhas, sem nunca conseguir aprender de fato com seus erros. O relacionamento dela com Big é o maior exemplo disso. Ela se entrega, se ilude, se machuca, mas sempre volta. E, sinceramente? Quem nunca passou por isso? O que realmente nos incomoda em Carrie é que, de certa forma, a gente se identifica. Sabemos como é difícil quebrar esse ciclo, como é fácil passar pano