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Mostrando postagens de fevereiro, 2022

Pequenos Passos

Hoje eu acordei querendo fazer alguma coisa desafiadora.  Eu precisava demais.  Fiquei pensando se deveria caminhar, fiquei muito indecisa se deveria, rolei na cama, pensei que poderia ser sofrido... me  questionei se eu daria conta, mas decidi que deveria ir e FUI.  Realmente não foi fácil. Chorei da  saída  da  minha  casa quando tirei essa foto dos meus  pés  até o retorno.  Olhei cada  pedacinho da estrada, passei na bica d'água exatamente como fazíamos, fiz nosso roteiro, sentei exatamente onde sentávamos para sonhar, e conversei muito com ele.  Nossas caminhadas eram nossos momentos de conversar, rir e fazer planos. Sonhávamos com os prêmios da mega sena, com as viagens que queríamos fazer, com tudo que ainda queríamos realizar. E eu decidi fazer a mesma coisa dessa vez. Fiquei conversando com ele, falando do que estou sentindo, da falta que ele tá fazendo, de tudo que eu preciso resolver, do que preciso fazer, dos projetos que eu estou tentando organizar na minha cabeça. Fal

Começo de um Recomeço

Que minha vida tá virada de cabeça pra baixo (pra dizer o mínimo) - todo mundo já sabe.  Que eu tô perdida e não faço ideia de por onde começar ou recomeçar - todo mundo já sabe.  Que tá doendo, que eu tô sofrendo, que eu me perdi inteira e que eu tô completamente perdida - todo mundo já sabe. O que muitos de vocês talvez não saibam é que eu tô enlouquecendo. Eu preciso de um plano, eu preciso de uma rota, eu preciso enxergar um caminho - ainda que agora eu saiba que meus planos podem ser completamente alterados - eu preciso tê-los, nem que seja pra saber onde vou focar minhas energias.  Eu tenho andado muito desanimada e a verdade é que ainda que eu faça planos, eles se desfazem com minha falta de ânimo de seguir a diante. Me falta vontade de executar, me falta vontade de enfrentar as coisas que preciso enfrentar. Me falta coragem de enfrentar um mundo sem o Rafael. Me falta coragem de me descobrir sem ele.  Eu me sinto segura dentro de nossa casa, escondida em nossas lembranças, plan

A Vida Sem Ele

A vida sem ele é tão estranha.  Eu tenho a sensação que tudo está como antes, eu olho as coisas e tudo está como antes. Mas nada é como antes. Em tudo tem um buraco e uma ausência que só eu consigo ver e sentir.  As pessoas riem, as pessoas trabalham, as pessoas continuam fazendo as coisas que sempre fizeram.  Mas eu não consigo acompanhar. Eu simplesmente não consigo virar a chave e agir como antes.  É sábado de carnaval e eu acordo, enrolo na cama, assisto uma série, olho os cachorros e o tempo aberto e tudo parece normal demais, tudo parece no lugar e não vejo o mundo devastado como está minha alma.  Eu penso que deveria sair pra caminhar, dar uma volta e exercitar o corpo, mas ai a dor de estar sem ele do meu lado me impede de sair.  Eu penso em nadar um pouco e tomar uma cerveja. Mas quem estará comigo neste programa?  E parece tão injusto eu sorrir sem ele. Embora eu tenha a mais absoluta certeza de que ele gostaria de me ver sorrindo. O buraco dentro de mim é tão grande, tão pro

1 mês

Estes últimos dias eu não apareci por aqui. Cheguei em um ponto de mal estar que até as palavras fugiram de mim.  Hoje está fazendo um mês que o meu Rafa se foi e eu ainda nem sei se acredito que isso tudo que aconteceu. 1 mês... trinta dias sem ele... Pra mim parece uma vida. A dor que devia diminuir só se faz aumentar, é uma saudade, uma vontade de estar perto que foi a alma.  Eu olho pra tudo, olho pra todos os lados e fico procurando enxergar alguma coisa... mas é como se eu não visse nada.  Eu nunca me senti tão perdida. E eu escuto todo mundo me pedindo e perguntando coisas, todo mundo querendo que eu tome decisões, que eu faça, que eu reaja... e eu não consigo. Eu simplesmente não consigo pensar em nada que não seja ele, o que ele estaria fazendo, o que ele gostaria, o que ele estaria sentindo... não consigo parar de pensar no quanto dói estar longe dele. O quanto o toque, o beijo e a companhia dele fazem diferença e são importantes pra mim.  Eu as vezes tenho vontade de alguma

Traída pelo cérebro

O cérebro da gente é um órgão complicado, né? Ele tem grande poder, controla todo nosso corpo, mas em um momento como esse, do luto, ele simplesmente te trai a todo momento.  Vai fazer um mês que meu marido faleceu. E eu ainda acordo todos os dias procurando ele na cama... Todos os dias eu rolo pro lado dele e estico meu braço, como se ele ainda estivesse ali. Todos os dias eu olho no relógio no horário dele chegar e fico esperando... esperando...  E ai eu me pergunto: "Pollyanna, o que você está fazendo? Ele não vai voltar"  Como é difícil tomar consciência disso todos os dias - várias vezes no dia.  Porque o cerebro não entende simplesmente essa nova realidade e vira a página? Porque ele fica trazendo a minha memória tudo que era pra eu tá fazendo e não estou?  Isso é tão cruel. Me disseram pra focar nas coisas boas e ser grata e acredite, eu tô sendo... eu tô focando nas coisas boas, eu sou grata por todo o amparo que estou recebendo. Mas a dor tá aqui dentro, mesmo assim.

Morte

Porque a gente nega tanto a morte? Tava assistindo uma série onde uma personagem está com câncer a e possibilidade de que ela poderia morrer é propositalmente ignorada pelas amigas - porque a gente não quer lidar com essa realidade.  Porém não há nada mais certo em nossas vidas do que a morte.  Meu marido dizia que para morrer basta estar vivo, ele não inventou a frase, mas a repetia. Sempre achou que devíamos viver, pois a certeza da morte já se apresentava pra nós - dura e fria.  Mas a gente não pensa na morte. A gente não vive nossa vida como se a morte pudesse chegar até nós.  Nos últimos tempos eu estava ouvindo muito uma música que fala sobre isso, sobre a nossa finitude e a possibilidade de tudo acabar, mas ainda assim, eu não imaginei que esse - tudo acabar - seria tão perto de mim.  Achava que o tudo acabar seria com alguém velho e que já estivesse pronto pra isso. Mas não é assim que a morte funciona. Não tem relação com estarmos preparados. Não tem relação com nossa idade. N

Luz no fim do túnel

Todos sabem o que tenho passado neste doloroso momento da minha vida, e algo tão violento muda completamente nossa visão de mundo, nossa compreensão de nós mesmos e nossos planos de vida. Eu fiquei perdida. Sem saber exatamente o que fazer, vagando pela minha mente sem um ponto de partida.  Foi exatamente assim que a ligação da Dra. Franceli Morás me pegou: com muitas ideias, uma vontade enorme de fazer algo que faça a diferença, mas sem um norte.  Então ela e o Dr. Ricarth Bandola me deram esse norte quando me convidaram para ser Presidente da Comissão da Mulher Advogada! E eu estou absurdamente grata! Grata pela oportunidade e pela confiança. E grata, principalmente, pela luz no fim do túnel que vocês me deram.  Mãos à obra! Vamos ao trabalho! ❤️ #oab #mulheradvogada #direitodamulher #oabpocosdecaldas

Coração Selvagem

https://youtu.be/fR1XQgNiT0M Quem conheceu o Rafa sabe que ele tinha um coração selvagem, e quem nos conheceu sabe que essa música é nossa cara…  Saudades, Rafael, Saudades!  “Meu bem, guarde uma frase pra mim dentro da sua canção Esconda um beijo pra mim sob as dobras do blusão Eu quero um gole de cerveja No seu copo, no seu colo e nesse bar Meu bem, o meu lugar é onde você quer que ele seja Não quero o que a cabeça pensa, eu quero o que a alma deseja Arco-íris, anjo rebelde, eu quero o corpo Tenho pressa de viver Mas quando você me amar Me abrace e me beije bem devagar Que é para eu ter tempo, tempo de me apaixonar Tempo para ouvir o rádio no carro Tempo para a turma do outro bairro ver e saber que eu te amo Meu bem, o mundo inteiro está naquela estrada ali em frente Tome um refrigerante, coma um cachorro-quente Sim, já é outra viagem E o meu coração selvagem tem essa pressa de viver Meu bem, mas quando a vida nos violentar Pediremos ao bom Deus que nos ajude Falaremos para a vida: &

Me explica, Deus?!

Pode não ser certo questionar os desígnios de Deus... mas neste momento é difícil.  É difícil pra mim não perguntar porquê? Como? Como num minuto a pessoa está aqui, quente, cheia de vida, e no outro não está mais? Como continuar, como seguir, como se reinventar se parte de você morreu, se foi, não existe mais? Como realizar as simples tarefas do dia a dia se elas parecem tão banais, tão sem sentido, tão inúteis? Como? E pra quê? Pra quê fazer planos? Pra quê sonhar? Pra quê? Se neste minuto você está aqui, e no outro simplesmente não está mais... Porquê? Tanta incerteza, tanta dor, tanto sofrimento?  Nós estávamos tão felizes. E eu agradecia tanto por isso! Poxa! Como eu agradeci. Quantas vezes olhei pro céu e disse: eu sou uma mulher muito abençoada.  Eu tinha tudo. Tudo mesmo.  Eu tinha uma família maravilhosa, uma vida maravilhosa, um marido perfeito, um amor imenso... Eu tinha tudo.   E eu sabia disso. Eu nunca duvidei disso. Eu só agradecia - muito - tanta benção...  Mas ai, do n

Lenço

Quando a gente perde alguém que ama muito acaba sentindo a necessidade de se conectar as coisas que te trazem a memória a pessoa amada, uma peça de roupa, um perfume, uma música…  Mas ao mesmo tempo que essas coisas te aproximam da pessoa a certeza da perda e de que ela não mais estará ali te atinge como uma flecha.  Eu ando com um lenço do meu marido na bolsa, e renovo nele o perfume todos os dias.  É como se eu tivesse usando uma droga, que me inebria e alivia na mesma velocidade que me rasga e me fere.  E eu sei que você, leitor(a), diria para eu parar de usar o lenço…  Eu também diria isso pra mim se tivesse algum juízo. 

O luto é o amor que perdura

 

Caminhada

  Era pra estarmos saindo pra caminhar. Ou pra nos abraçarmos agora e resolvermos ficar mais um pouco na cama. Mas já é o segundo domingo sem você aqui. Essa nova realidade é cruel e solitária. Quanto ainda queríamos fazer juntos? Quanto ainda queríamos realizar? Quantos sonhos ainda tínhamos por sonhar? Todos dizem que vai ficar mais fácil. Mas a cada dia de espera, eu tenho mais certeza que você não vai voltar. E o buraco no meu coração parece crescer mais. Quando percebo que não vamos juntos ver as meninas crescerem, não vamos juntos curtir nossa casa, não vamos juntos viajar, não vamos juntos brincar com nossos cachorros, não vamos juntos tomar café, não vamos juntos assistir uma série, não vamos juntos tomar um banho, não vamos juntos dormir, não vamos juntos acordar… é um sofrimento. Cada pequena descoberta dessa é um sofrimento. Porque o luto é estranho por isso. Você é confrontado o tempo todo pela realidade imposta: fisicamente essa pessoa nunca mais estará aqui. E tem que lid

Última foto

 Se eu cogitasse que era a última vez… nossa última noite, última foto, últimos momentos… eu jamais teria dormido, eu jamais teria pregado os olhos um só segundo! Eu teria me segurado em você com ainda mais força, com ainda mais paixão.  Rafa, eu te amo tanto! Nós vivemos tão intensamente, mas eu queria mais, muito mais, mais uma noite, mais um mês, mais mil anos!  Era isso o que eu queria, uma vida longa e feliz com você!  Hoje eu ouvi: o amor que vocês tinham só a morte pra separar… e nós não imaginamos que ela viria tão sorrateira, tão silenciosa e tão rápido. A saudade dói.